[CENA] 05 ― Naufrágio

Ondas fortes de um mar negro fazem o navio balançar, bombordo e estibordo sem qualquer ritmo a se assegurar. Os marujos se amarram e seguram onde podem; o capitão no topo de sua autoridade diz para que não se preocupem, pois ele os guiaria para a salvação, mas o mar parecia não dar atenção às palavras daquele velho lobo do mar. Nem mesmo o luar se fazia presente para ajuda-los a encontrar o caminho que os guiaria, nenhuma estrela, nem um brilho. O mar estava forte, mas não havia sinal de vento. Muitos ali já haviam perdido a esperança e jogavam-se aos chãos rezando por suas almas e implorando por misericórdia quanto a seus feitos durante a vida que passaram. Diziam-se inocentes, mas todos sabiam que não valiam coisa alguma, não havia uma moeda de ouro que não houvessem roubado ou vila que não houvessem saqueado e pilhado.

Uma forte onda atingiu o navio, enchendo-o de água. As velas e o mastro derrubados, a embarcação afundava lentamente, todos se jogavam mar adentro. O capitão, em última honra, tirava seu chapéu e o encostava frente ao peito, segurando-se ao leme e aguardando o fim.

O som de uma risada cavernosa pode-se ouvir a distância.

Aquele não era o mar e tampouco havia salvação. Estavam todos dentro de uma garrafa. Uma garrafa tão grande que poderia conter o navio em seu interior ou era o navio tão pequeno que poderia caber dentro de uma garrafa. As luzes não existiam ali, sua existência era o interior de um baú. O baú amaldiçoado do terror dos mares.

O baú de Davy Jones.

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